segunda-feira, abril 28, 2008

FORCA
(parte 14)






Essa última história que vou contar trata, na verdade, de um roubo... conceitual!
Ninguém sofreu violência, ninguém teve seus pertences furtados, mas foi uma espécie de roubo da inocência de uma pobre garotinha.

Minha amiga Gizana, na época em que éramos adolescentes, tinha uma irmã caçula, a Thayra. Na época, Thayra devia ter uns 7 anos e acompanhou a Gizana por um dia, na feira de ciências da nossa escola. É claro que ela foi a sensação da galera, todo os nossos colegas ficaram babando a menina, conversando com ela, brincando com ela, livrando um pouco a Gizana da obirgação de cuidar da irmã ao mesmo tempo que apresentava seu trabalho.

Num dado momento, começamos a brincar de forca, num quadro-negro. O Thiaguinho, que era nosso 'calouro-oficial' resolveu distrair a Thayra com a forca. E largamos os dois por lá. O que Thiaguinho não contava é que Thayra fosse realmente muito esperta e que nos chamasse aos gritos: ELE, UM RAPAZ DE 15 ANOS, ESTAVA ROUBANDO NO JOGO DE FORCA, CONTRA UMA MENININHA DE 7 ANOS! Eu poderia jurar que isso só acontece comigo, mas aconteceu com ela...

Fomos lá ver e rimos muito da cara do Thiaguinho que, além de não saber perder, morreu de vergonha por ter sido descoberto em seu estratagema para vencer!

segunda-feira, abril 21, 2008

BODE EXPIATÓRIO
parte 13






Eu admito que não sou santo. Já comi muito biscoito e iogurte de graça em supermercados da vida e nunca fui pego em nenhuma das minhas tramóias.

Mas já dei um azar tremendo: FUI BODE EXPIATÓRIO DE UM DELITO QUE NÃO COMETI! E, do jeito que a justiça funciona nesse país, não posso nem dizer que isso só acontece comigo! E lá vem mais uma história velha!

Quando eu estudava em Campos, sempre tinha que passar por Macaé. Tinha uma loja de doces na rodoviária de Macaé, que a gente sempre passava por lá, ou pra comprar doces ou para tão-somente ver as 'novidades' e ficar com água na boca - mera distração nos 20 minutos que ficávamos parados por lá.

Acontece que, numa certa época, a lojinha vinha sofrendo uma série de pequenos furtos. E, é claro, o dono resolveu tomar providências.

Certa vez, depois da Páscoa, eu estava voltando de Cabo Frio para Campos. Na parada em Macaé, desci, fui esticar as pernas e dei uma volta na loja com meus amigos. O meu azar consistiu no fato de ter sido Páscoa e eu, esganado, estava com três bombons no bolso. É claro que, por ser gordinho e estar com uns três bombons para consumo próprio no bolso, o dono da loja achou que eu era o ladrãozinho e chamou o segurança. Foi um inferno!

O segurança me agarrou, me revistou, tive que bater boca, queriam me levar preso (e eu era menor de idade). Só não fui levado de lá porque consegui provar que a loja não vendia 1 dos 3 bombons que estavam no meu bolso (daqueles bombons vagabundos da Arcor, o "Amor doce amor").

O dono da loja me pediu desculpas e tal, mas nada pode apagar a humilhação e a vergonha dos olhares que recebi. Mó chato!

segunda-feira, abril 14, 2008

MEU PÉ ESQUERDO
parte 12






Mais uma história da década passada!
Certa vez, pelos idos de 1995, teve um feriadão em outubro, o mesmo que cai sempre perto do meu aniversário. Tínhamos combinado, mó galerão, de ir pra Cabo Frio. Piggy e Jonivan iriam ficar na minha casa, Aninha, Bruno e Tissa ficariam na casa da Bianca!

Tudo esquematizado, viajamos felizes, alegres, sorridentes - apesar de sem um tostão no bolso, contando apenas com a diversão que a praia poderia nos proporcionar. E foi uma algazarra só: passávamos o dia na praia e, à noite, rodinhas de violão ou passeios pela cidade.

Eis que, no último dia, fomos cedo pra praia, pra aproveitar bem o dia e nos despedirmos do meu paraíso particular. Na hora de 'levantar o acampoamento' pra ir embora, vejo a Piggy inquieta, revirando as coisas todas. Ela estava procurando sua sandália - uma Kenner, moda na época - e não achava o pé direito.

Depois de muito tempo procurando, meu irmão apareceu na praia, nos viu naquele semi-alvoroço e nos explicou que aquilo era o mais novo golpe da praça - ou melhor, da praia: como as sandálias Kenner eram meio caras, OS PIVETES APROVEITAVAM A DISTRAÇÃO DO TURISTA E SURRUPIAVAM UM PÉ DA SANDÁLIA. Assim, o turista, ao 'perder' seu pé de sandália, deixaria a outra na praia - seja na areia, seja na lixeira - e os pivetes, ao fim do dia, sairiam recolhendo o 'lixo'.

Como estou acostumado a andar descalço, ofereci meu par de havaianas clássicas - aquelas de sola branca, com tira amarela - pra Piggy voltar da praia. Foi até engraçado ver o pézinho 34 da minha amiga sambando no meu chinelo 42.

Claro que a Piggy ficou furiosa, pensando "isso só acontece comigo"! E, de sacanagem com o ladrãozinho, ela levou pra casa o pé esquerdo da sandália que lhe sobrou. E olha que esse pé esquerdo de sandália ficou guardado como recordação por muito tempo, na minha casa...

segunda-feira, abril 07, 2008

EDREDON
parte 11




A situação de assalto mais bizarra que passei foi em Campos. Na época, eu ainda estava por lá, no penúltimo ano da faculdade. Numa certa semana de junho, meu orientador me incumbiu de ir ao Rio de Janeiro, pra fazer a renovação das bolsas de iniciação científica (minha e do outro bolsista), de mestrado (de um dos alunos) e do projeto (do meu chefe), concedidas em nosso laboratório. Ele me entregou R$70,00, pra passagens, deslocamento e alimentação. E eu aceitei meu martírio.

Daí que liguei pra minha mãe, avisando que iria pra Cabo Frio no fim de semana e aproveitaria pra ir pro Rio de lá, já que (1) eu não ia pra Cabo Frio há mais de um mês e tava com saudades da minha família, bem como (2) a distância de Cabo Frio pro Rio era menor do que partindo de Campos...

Minha mãe ficou felizona... não só porque eu ia pra casa, mas porque, sabendo que eu estava com dinheiro em mãos, ela poderia me fazer umas encomendas e me pagar quando eu chegasse em Cabo Frio. Nessa época, ainda não havia Casa&Vídeo em Cabo Frio e mamãe pediu pra eu passar na referida loja, em Campos, e comprar dois edredons de casal, cada um na promoção, por apenas R$20,00.

E lá fui eu, no fim de tarde de uma sexta-feira, capengando dentro de um ônibus xexelento, da faculdade para o centro da cidade. Andei um pedaço até chegar na Casa&Vídeo, me pus em bataçha com várias donas de casa desesperadas para conseguir um edredon bonito, fiquei quase uma hora na fila pra pagar e tomei meu rumo, a pé, pra casa. Afinal, pra que gastar mais R$1 de passagem se eu podia andar 1km a pé, carregando uma mochila pesada, uma pasta e 2 edredons volumosos?

Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento, fui. A passos largos, cheguei na metade do caminho e dei uma paradinha, em frente ao curso de inglês da Tia Sandra - a tia da Tissa - e brinquei um pouquinho, através da grade, com as crianças que estavam por la. Me despedi, tomei meu rumo...

... nem bem dei cinco passos, UM CARA MUITO FEIO MEU ABORDOU COM UM REVÓLVER. Ele apontou a arma na minha cara, disse pra não falar nada, não fazer escândalo. Como eu estava com todas as mãos ocupadas, ele mesmo vasculhou meus bolsos e minha carteira e levou os R$30 que tinham sobrado dos R$70 que meu orientador me deu para ir ao Rio. Saiu em disparada, de bicileta. E NEM MEXEU OS EDREDONS!

Isso só acontece comigo: evitei de perder mais dinheiro num assalto porque comprei dois edredons! E não perdi a calma, apenas voltei ao curso da Tia Sandra, avisei à ela e à secretaria o que tinha me acontecido e, juntos, chamamos a polícia, mais para zelar pela segurança da criançada que estava por lá do que para, efetivamente, recuperar meu $$$.

E, por sorte, meu orientador foi bem compreensivo e não me cobrou explicações sobre os gastos... além disso, meu primo de Olaria estava em Cabo Frio e fui com ele, de carona, pro Rio - o que representou também uma economia de dinheiro...