segunda-feira, abril 07, 2008

EDREDON
parte 11




A situação de assalto mais bizarra que passei foi em Campos. Na época, eu ainda estava por lá, no penúltimo ano da faculdade. Numa certa semana de junho, meu orientador me incumbiu de ir ao Rio de Janeiro, pra fazer a renovação das bolsas de iniciação científica (minha e do outro bolsista), de mestrado (de um dos alunos) e do projeto (do meu chefe), concedidas em nosso laboratório. Ele me entregou R$70,00, pra passagens, deslocamento e alimentação. E eu aceitei meu martírio.

Daí que liguei pra minha mãe, avisando que iria pra Cabo Frio no fim de semana e aproveitaria pra ir pro Rio de lá, já que (1) eu não ia pra Cabo Frio há mais de um mês e tava com saudades da minha família, bem como (2) a distância de Cabo Frio pro Rio era menor do que partindo de Campos...

Minha mãe ficou felizona... não só porque eu ia pra casa, mas porque, sabendo que eu estava com dinheiro em mãos, ela poderia me fazer umas encomendas e me pagar quando eu chegasse em Cabo Frio. Nessa época, ainda não havia Casa&Vídeo em Cabo Frio e mamãe pediu pra eu passar na referida loja, em Campos, e comprar dois edredons de casal, cada um na promoção, por apenas R$20,00.

E lá fui eu, no fim de tarde de uma sexta-feira, capengando dentro de um ônibus xexelento, da faculdade para o centro da cidade. Andei um pedaço até chegar na Casa&Vídeo, me pus em bataçha com várias donas de casa desesperadas para conseguir um edredon bonito, fiquei quase uma hora na fila pra pagar e tomei meu rumo, a pé, pra casa. Afinal, pra que gastar mais R$1 de passagem se eu podia andar 1km a pé, carregando uma mochila pesada, uma pasta e 2 edredons volumosos?

Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento, fui. A passos largos, cheguei na metade do caminho e dei uma paradinha, em frente ao curso de inglês da Tia Sandra - a tia da Tissa - e brinquei um pouquinho, através da grade, com as crianças que estavam por la. Me despedi, tomei meu rumo...

... nem bem dei cinco passos, UM CARA MUITO FEIO MEU ABORDOU COM UM REVÓLVER. Ele apontou a arma na minha cara, disse pra não falar nada, não fazer escândalo. Como eu estava com todas as mãos ocupadas, ele mesmo vasculhou meus bolsos e minha carteira e levou os R$30 que tinham sobrado dos R$70 que meu orientador me deu para ir ao Rio. Saiu em disparada, de bicileta. E NEM MEXEU OS EDREDONS!

Isso só acontece comigo: evitei de perder mais dinheiro num assalto porque comprei dois edredons! E não perdi a calma, apenas voltei ao curso da Tia Sandra, avisei à ela e à secretaria o que tinha me acontecido e, juntos, chamamos a polícia, mais para zelar pela segurança da criançada que estava por lá do que para, efetivamente, recuperar meu $$$.

E, por sorte, meu orientador foi bem compreensivo e não me cobrou explicações sobre os gastos... além disso, meu primo de Olaria estava em Cabo Frio e fui com ele, de carona, pro Rio - o que representou também uma economia de dinheiro...

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