sexta-feira, abril 04, 2003

Oi, pessoas!

Nessa semana eu estava conversando muito por telefone com a minha prima (oi, Viviane!) e estávamos falando de coisas pessoais, como por exemplo a tão famosa "primeira vez".

Nesses dias, eu tenho pensado o quão as "primeiras vezes" são difíceis: os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dia numa escola ou na escola nova, a primeira briga, o primeiro beijo, a primeira transa, o primeiro emprego... Tudo é um mistério para nós. Talvez por ser a primeira vez em que executamos tais ações e, conseqüentemente, por não termos referenciais práticos para executá-las, que nós nos afligimos (em maior ou menor grau).

As primeiras experiências têm diversas significações, mas elas sempre nos marcam. Algumas das primeiras vezes têm uma influência tão grande, são tão marcantes (seja positivamente ou não) que acabam por se tornar o "padrão" das nossas vidas. Um estigma que somos obrigados a carregar.

Uma das minhas experiências mais marcantes foi o meu primeiro beijo! Desde já aviso que não foi nem um pouco bom... mas, hoje, quando olho pra trás e lembro dessa história, eu só consigo rir. É uma história looooonga, cheia de pequenas lembranças.

Meu referencial de beijos era quase zero. Uma nulidade! O máximo que eu já tinha chegado perto dos beijos eram os da minha infância, simples estalinhos dos 6 aos 10 anos de idade, com as "namoradinhas" que a gente arranja na escola.

Como filho mais velho, eu não tinha irmãos pra me espelhar. Embora eu convivesse num meio mais adulto que eu (meus primos eram no mínimo 7 anos mais velhos ou 3 anos mais novos que eu), os beijos enamorados, cheios de paixão, quase não faziam parte da minha vida. Eu os via mais em novelas. Naquela época, eu nem tinha noção do efeito devastador que uma língua pode fazer durante um beijo...

Por volta dos 12 anos eu estava louco pra namorar alguém, pra beijar na boca. Até porque as únicas pessoas da minha turma de escola que ainda não haviam beijado éramos eu e a Karla (minha melhor amiga na época). Eu e a Karla estávamos tão obcecados por essa história de beijo que saímos pela escola, com um bloco de anotações em mãos, pra pesquisar o que era, como era, o que as pessoas sentiam... Que mico! Só esse comentário já valeu o post...

O engraçado, pelo que me lembro agora, é que as poucas pessoas (entre 12 e 14 anos) que nos levaram a sério (ha ha ha) e nos responderam nem se referiram ao fato de se utilizar a língua no beijo!

Pois bem, 1990 chegava ao fim e o verão estava apenas começando. Como bons cabofrienses necessitados de dinheiro, nós (eu, minha mãe e meus irmãos) alugávamos a nossa casa para os turistas e passávamos o verão morando na casa dos meus avós maternos. E foi nesse verão de 1990/91 que aconteceu o primeiro beijo.

No terreno da casa dos meus avós há também a casa dos meus tios, que é alugada no verão para os turistas. Havia, entre os turistas que alugaram essa casa, uma menina muito engraçadinha, chamada Thaís. Ela era loirinha, de olhos verdes, meiga, delicadinha... um flor! Fiquei gamadíssimo! Como tínhamos idades muito próximas, ficamos bastante amigos. Mas eu sempre dava um jeito de desviar o papo para os meus interesses...

Daí que, numa tarde de domingo, estávamos eu e a Thaís deitados na rede, rolou um clima. Então, aconteceu aquele papo bem de criança:

Eu: - Você tem namorado?
Ela: - Não. Você tem namorada?
Eu: - Não...
Ela: - Mas você já beijou na boca?
Eu: - Não... (nossa, como eu era sincero aos 12 anos!) E você?
Ela: - Também não...

Então, como um príncipe encantado, montado em seu cavalo branco, brandindo sua espada na mão direita e uma rosa vermelha na mãe esquerda, eu pedi para beijá-la e ela aceitou. Inclinei-me sobre ela na rede e começamos a nos beijar (sem língua porque, aparentemente, nem eu nem ela sabíamos desse detalhe) e, numa movimentação um tanto mais brusca, a rede se movimentou e eu bati com meus dentes nos dentes dela... com força!!

Eu lembro da sensação da dor até hoje... sobretudo porque foram os meus dentes da frente (e eles têm restauração). Eu não conseguia pensar em nada além da dor. A única coisa que passava pela minha cabeça era que isso só acontece comigo! Xinguei (com a mão na boca, por causa da dor) todos os palavrões que eu sabia, os que eu não sabia e os que eu acabara de inventar!

Depois dessa experiência, eu fiquei meio receoso de beijar. Só beijava em locais seguros, em pé, onde a gravidade (ou outras forças) não pudesse(m) fazer algum efeito negativo...

Se bem que, com o tempo (e com a descoberta de língua), fui ficando mais corajoso. Hoje em dia não tenho mais trauma de beijar. Mas sempre lembro muito desse primeiro beijo a cada vez que vou beijar uma nova pessoa...

Nenhum comentário: