sexta-feira, julho 18, 2003

Na semana passada, eu estava conversando sobre filmes românticos com o Marcos, e lembrei de uma história nada romântica acerca de um filme que me aventurei a ver em família... intitulei essa história de

A SAGA DO TITANIC

Tudo começou numa sexta-feira... em meados de abril de 1997, já havia cerca de uma mês que Titanic estava sendo exibido no antigo cinema de Cabo Frio - uma pena que foi demolido e contruíram um shopping no lugar, com duas saletas de projeção.

Eu estava em Cabo Frio desde a noite de quinta porque não haveria aulas na faculdade na sexta-feira. Fui feliz da minha vida para a praia de manhã e, por volta das 15h fui ao banco pra pagar umas contas da minha avó. No banco, encontrei meu irmão Daniel e meu primo Lucas e ficamos conversando... na volta pra casa, passamos na frente do cinema e já havia uma fila imensa pra comprar ingressos pra sessão das 19h. Como nem eu nem Lucas havíamos visto o filme ainda, resolvemos comprar ingressos logo.

Aproveitando que a fila estava imensa, deixei os dois lá e fui ligar pra minha mãe, pra minha irmã e pros irmãos do Lucas, que ainda não tinham visto o filme também... voltei à fila e esperei uma eternidade com meu irmão e meu primo. Como havia limite de compra de 2 ingressos por cliente, cada um de nós comprou dois, o que totalizou exatos seis ingressos, distribuídos para as seguintes pessoas: eu, Roberta, minha mãe e meus primos Lucas, Raquel e Davi.

Já eram 17h20 quando compramos os ingressos... crente que poderia ir pra casa, vi que havia uma certa aglomeração na porta de entrada do cinema: era a fila pra minha sessão! COMO ASSIM, BIAL? Eram 17h20, ainda faltavam 1 hora e 40 minutos pra minha sessão começar e JÁ HAVIA ADOLESCENTES HISTÉRICAS NA PORTA? Que loucura!

Absolutamente cego pleo medo de não conseguir um lugar medianamente afastado da tela (porque me dá dor de cabeça quando sento quase no colo dos protagonistas do filme), cometi a insanidade de esperar direto na fila.

Meu irmão e meu primo foram pra casa, para transmitir a triste notícia ao restante da família. Às 18h40 eu estava me sentindo um lixo: cansado, com fome, salgado da praia, me acotovelando com um bando de adolescentes histéricas dispostas a mentir, roubar e matar por um lugar privilegiado como o meu na fila... Lucas chegou, mas não daria tempo de eu ir na minha casa, tomare banho, comer, sofrer e voltar pra ver o filme.... fui ao orelhão e pedi a minha mãe que trouxesse, ao menos, uma roupa limpa (porque não seria nada agradável assistir a um filme de 3 horas de duração com uma sunga e uma camiseta).

Exatamente às 18h53 abriu-se a entrada para a sala. Milhares de pirralhas de 14 anos gritaram como harpias no cio, o que me deixou surod e atordoado por alguns minutos. Enfim, eu e Lucas entramos na sala e nos deparamos com a seguinte preocupação: como DUAS PESSOAS podem guardar SEIS LUGARES lutando sozinhos contra uma HORDA DE MALUCAS ENSANDECIDAS? Nos sentamos e ficamos quase brigando com as adolescentes descontroladas que alegavam que era errado o que estávamos fazendo etc.

Por sorte, às 18h57 chegaram Raquel e Davi. Beleza! Só precisava guardar o lugar da minha mãe e da minha irmã, que chegaram exatamente às 19h! Pensam que meu martírio acabou? NADA! Estava tudo apenas começando...

Sentei entre minha irmã e meu primo Davi, ambos com cerca de 8 anos na época. Davi não conseguia acompanhar a legenda, então por vários trechos eu tive que ler rapidament epra ele. Minha irmã era mais rápida, mas como ela já fazia cursinho de inglês há um certo tempo, ela ficava me pentelhando pra repetir em inglês algo que ela não conseguiu definir o que era...

Além disso tudo, na minha frente havia uma menina que estava "narrando" o filme para a amiga ao lado: "agora, o Leo vai fazer isso...", "agora o Leo vai fazer aquilo" etc. Eu queria dar na cara dessa infeliz, mas me contive e só mandei um sonoro "Cala a boca, narradora!", repetido umas 50 vezes por mim e alguns outros espectadores.

A pior de todas era uma garotinha estúpida atrás de mim, que ficava batendo fotos do filme, a cada vez que o Leonardo DiCaprio aparecia numa ou noutra pose mais "sensual" ou simplesmente bonitinho... Não aguentando aquilo, na famosa cena do cuspe, gritei pra ela: "Tira foto agora, sua imbecil"...

Estava revoltado! Num momento crucial, quando o Titanic iria bater no iceberg, simplesmente PARARAM O FILME! Resolveram fazer um intervalinho forçado pras pessoas poderem gastar seu suado dinherinho com comes-e-bebes do barzinho. Tive que me acotovelar novamente com uma turba de adolescentes furiosas pra conseguir comprar dois refrigerantes e uma mini-pizza...

O resto do filme transcorreu com os mesmos problemas...

Quando deitei em minha cama, moralmente destruído, depois de um banho relaxante e quilos de comida da mamãe, bati a minha cabeça no travesseiro e refleti sobre todo o sacrifício pra ver esse filme... cheguei a uma conclusão a que chego sempre: isso só acontece comigo!

P.S.: Pessoas me olhavam furiosas na fila, quando eu saí falando alto que o Titanic afunda... quase tive que pedir escolta policial pra chegar.

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