sexta-feira, março 19, 2004

ONIBUSFOBIA - Parte 5

Eu e a já desenvolvemos uma técnica em ônibus, quando vamos pra Cabo Frio: a gente pára o ônibus no primeiro ponto logo que ele sai da rodoviária-inferno Novo Rio e entra; daí, compramos a passagem na hora com o motorista (o que dá um desconto de até R$2) e nos jogamos nas primeiras poltronas que encontramos vagas; então, a gente FINGE que dormiu, quase que instantaneamente, pra ninguém que entrar depois de nós nos outros pontos venha nos incomodar com a clássica frase "ei, esse é o meu lugar"! Sim, eu sou terrível! Mas nem sempre esse esteratagema dá certo. Uma vez, um carinha bem me acordou e pediu pra sentar no lugar dele, me obrigando a me deslocar para o fim do ônibus, num lugar horroroso...

Também desenvolvi outro estratagema pra conseguir me manter sentado em ônibus e metrô. Sempre que dou a sorte de entrar em algum desses meios de transporte, saco logo na minha inseparável mochila um livro ou uma revista e leio compenetradamente. Daí, como estou lendo muito compenetrado, as pessoas não ficam me olhando feio por não ceder meu lugar praquele senhor de 45 anos que aparente ter 60 anos, ou praquela gordinha que ninguém sabe se tá grávida ou não, ou ainda praquela criatura com uma sacola ELORME da Casa&Vídeo cheia de bugigangas. Eles automaticamente desviam seus olhares de mim para os indolentes e mal-educados estudantes de escolas públicas que ocupam todos os lugares e se recusam a cedê-los...

A vida ensina a gente a utilizar certos truques pra não sofrer tanto, porém, nem sempre dá certo. Nessa última quarta-feira, dei a sorte de pegar um 435 no horário certo de me deixar sem atrasos no Maracanã. Sentei numa das poucas cadeiras disponíveis e saquei meu livro. O ônibus parecia uma excursão geriátrica, porque só tinha idoso. Até que, num dado momento, lá em Laranjeiras, uma senhorinha bem velhinha (daquelas que usam tintura púrpura no cabelo branco) entrou no ônibus e ficou em pé. Meu coração amoleceu ao ver aquela criatura toda frágil e enrugadinha e me levantei pra ceder o lugar pra ela... Ela sentou e me disse que desceria logo, então, resolvi ficar por perto. Assim que a velhinha se levantou, não é que uma folgada se sentou no meu lugar? E eu ainda tive que dar esporro na moça pra ela sair do lugar. Por sorte, a velhinha, antes de descer, viu o que aconteceu e me ajudou a convencer a moça a me deixar sentar. Isso só acontece comigo! Mas, nesse desespero, quem quer saber de ser cavalheiro?

O pior são os idosos que, quando você finalmente se compadece das criaturas e levanta pra ceder o seu lugar, ainda toma esporro porque o idoso se ofende achando que, com esse gesto bondoso e desprendido, você está insinuando que ele está velho! Já me aconteceu isso duas vezes na minha vida escolar em Campos... e, francamente, não gostaria que acontecesse de novo, pelo bem dos velhinhos! :P

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