sexta-feira, maio 21, 2004

ONIBUSFOBIA - Parte 14

Reconheço que existe muita gente inconveniente dentro dos ônibus, que sentam ao seu lado mesmo com o coletivo vazio, pelo simples (des)prazer de puxar assunto. Porém, bater papo com desconehcidos e, às vezes, mentir para eles, pode salvar a sua vida ou, ao menos, seus pertences.

Antes da ir morar lá em casa, ela dividia apartamento com mais CINCO amigas na Tijuca. Certa vez, ela voltou de Cabo Frio direto para a faculdade, passou o dia lá de mala e cuia e, à noite, pegou um ônibus cheio pra ir do Fundão pra Tijuca.

Num dado momento, um cara meio estranho sentou ao lado dela e começou a puxar papo, apontando pra mala dela:
Cara: - Tu vai viajá?
Lê: - Não... isso aqui é roupa suja. T-t-t-tô levando pra lavar.
Cara: - E por que tu num lava?
Lê: - P-p-p-porque eu trabalho e estudo e n--n-não tenho t-t-t-tempo...
Cara: - E por que a tua mãe num lava?
Lê: - A minha mãe é-é-é-é, não pode fazer esforço, ela não pode lavar roupa n-n-n-nem fazer um monte de coisas. Sou eu q-q-q-quem sustento a casa.
Cara: - É colega... a coisa tá braba...
Lê: - É verdade...

Depois de umas poucas tentativas de entabular conversas entrecortadas por um certo tempo de silêncio por parte do cara, ele fez menção de levantar pra descer do ônibus, não sem antes comentar algo desconcertante com a ...
Cara: - É, colega... quando eu entrei nesse ônibus e vi você aí sentada, com essa cara de 'patricinha', eu ia te assaltar... mas eu vi que tu é lutadora, que a tua vida é difícil e desisti. Tá difícil pra todo mundo, né? Ó, boa sorte!

Daí, o cara desceu do ônibus e deixou a Lê lá, estarrecida, pensando "isso só acontece comigo"! Imaginem: ser assaltada, voltando da faculdade, recém-chegada de viagem, com o dinheiro do mês na bolsa e alguns pertences e roupas na mala! Até hoje, todo mundo ainda fica bolado com essa história.

(¢)Atentem para o modo como o indíviduo se expressava. E o modo como a gaguejava. Eu sou um gênio da escrita! :)

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