sexta-feira, setembro 12, 2003

Ainda dentro do tema "desastres em shows", conforme eu havia prometido, aqui vai a história da Sabrina sobre um show que a gente foi e que não me agrada muito lembrar:

UMA AVENTURA NO MARACANÃ
Sabrina Lima


Eu sei que revelar isso pode queimar meu filme, mas antes de me julgarem por ter estado neste local é importante que vocês saibam que eu não tive adolescência. Sim, algumas pessoas não tiveram infância, e eu não tive adolescência. Na minha adolescência, eu morava numa cidade do interior da Bahia e enquanto eu deveria estar ficando com um menino a cada dia e ouvindo músicas idiotas, eu estava estudando em um colégio que tomava todo o meu tempo, lendo um bom livro do Machado ou morrendo de medo dos homens (antes tivesse continuado assim).

Tudo começou quando eu
, Marcele e Andreh - sim, esse mesmo - resolvemos ir ao show dos Backstreet Boys no Maracanã, em maio de 2001. Tudo parecia normal – se é que se pode dizer isso de três pessoas que fazem Ciências Sociais, com mais de 20 anos de idade e que vão ao show do BSB – se não fosse pelas coisas acontecidas lá.

Primeiro: os tipos de pessoas que encontramos lá. Meninas histéricas, casais de namorados (o que um homem não faz por uma mulher), aqueles que afirmam que são estavam lá por que não tinham nada melhor pra fazer (neste grupo inclua-se os falsos heteros) e os mais patéticos de todos: os integrantes de Bandas Covers do BSB. Não bastava a eles gostar de Backstreet Boys, eles ainda tinham que se vestir iguais aos próprios!

E quando nós comentamos com uma garota ao lado que estávamos nos sentindo uns idiotas por ter 21 anos e estar naquele show a menina do lado virou e disse:

Menina-maluca: - Eu também tenho 21 anos

Ainda bem... não éramos os únicos...

Não preciso dizer que ficamos no gramado. Ir a um show e não ver nada é melhor não ir! Sem contar que a sensação de estar no gramado do Maracanã e olhar aquele estádio lotado é incrível! Estava segura que se alguém me perguntasse o que eu estava fazendo ali eu iria dizer que era parte do trabalho de campo antropológico sobre o comportamento adolescente em massa perante aos seus ídolos.

Minha professora de Sociologia jurou ter me visto numa matéria do fantástico sobre o show... Não só ela, mas várias pessoas falaram a mesma coisa. O pior, ou o melhor - não sei - é que realmente não era eu, pois eu vi essa matéria na casa dos avós do meu ex-namorado e ainda concordei com o tio dele que ficou falando que essas garotas não tinham o que fazer. Não preciso dizer que o meu ex-namorado ficou com a maior vontade de rir da minha cara.

O fanatismo era imenso. Uma menina que estava no nosso lado reclamou que tinha chegado às 10 horas da manhã para pegar um lugar bom, mas ela sentiu sede e teve que sair do lugar. Estúpida! Nós chegamos as 20h, meia hora antes do show começar e ainda ficamos do lado dela!

Tinha uma garota com as unhas pintadas de preto e azul – isso porque o nome do álbum era Black & Blue. Essa mongol não parava de falar. A menina começou a dizer que conseguiu entrar no hotel em que eles estavam hospedados e que o
Howie D. “até” acenou pra ela ou coisa parecida.

A
Marcele não tava nem aí, toda vez que eu virava pra cara dela, seguia-se o diálogo:
Marcele: - Olha os braços do Kevin!!!
(Marcele tem obsessão por braços, ou melhor, por homens de braços sarados).
Andreh: - Ele é gay!!!
(mentira, ele é até casado, ta?).
Sabrina: - Olha o Nick!!!
Andreh: - Ele tá gordo...
(E daí que ele tá gordo, quem liga pra isso? Não vou abandoná-lo só por que ele ganhou uns 15 kg).

Pra fechar a nossa aventura, alguma mão-leve roubou a carteira do bolso do Andreh durante o show e ele nem percebeu (infelizmente, isso não acontece só com o Andreh). O pior é que todo o dinheiro que ele e Marcele levaram - e também as suas carteiras de identidade - estavam nesta carteira.

Conclusão: A gente passou todo o resto do show procurando a bendita carteira, na esperança de achar pelo menos os documentos. Infelizmente, só achamos uma nota de 1 real que serviu para a passagem de volta de um dos dois, a do outro eu tive que pagar. Felizmente eu era a única carioca dos três, conseqüentemente, a única que guardou o dinheiro em um lugar bem seguro.

Ah... e como somos pessoas muito caridosas, no final ainda ajudamos uma adolescente desesperada porque tinha se perdido do seu grupo. Nós sugerimos que ela ligasse para sua família e tivemos que ouvir coisas como:

Garota-perdida: - Aí, minha mãe nem sabe que eu estou aqui, ela vai me deixar de castigo.

Eu mereço. Isso só acontece comigo...


(♥) Percebam através do texto da Sabrina que eu sou um cara muito chato e amargo... isso não é verdade, eu apenas enxergo coisas que os seres humanos normais e iludidos com seus ídolos gordos e gays não vêem... :P

(») Além disso, percebam que eu sou um imbecil: ser roubado num show do BSB lotado de piralhas-adolescentes-histéricas-frenéticas.

(ð) E, pra piorar a situação, eu ainda fiquei meio que rastejando no chão procurando pra ver se achava a minha carteira...

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