sexta-feira, fevereiro 27, 2004

ONIBUSFOBIA - Parte 2

Como eu vivo dizendo, andar de ônibus, além de uma boa aventura, é uma experiência antropológica, afinal, nunca se sabe que surpresas o destino pode reservar.

A história de hoje quem nos conta é a minha amiga Polly:

"Vou relatar umas das minhas piores histórias em ônibus. Eu, como boa moradora de Niterói e apreciadora do cinemas cariocas, sempre dou um jeitinho de sair da minha cidade e vir para o Rio ver algum filminho bacana. Até aí tudo bem, se não fosse o meu karma de atrair confusão e problemas por onde eu passo. Eu não sou aquilo que podemos chamar de 'barraqueira', mas nunca levo desaforo pra casa. Já bati em segurança de banco com muito orgulho e se me encher o saco, eu parto pra cima. Pois é.

Eu estava num dia normal, tinha acabado de ver 'Serendipity' no São Luiz com uma amiga minha, a
Glaucia, e fomos pegar o 996 para voltar para nossa querida terra. Nisso, passa uma van e ela vira pra mim e fala:'Vamos'? Eu não quis ir, porque só tinha 2 lugares, um lá atrás e outro do lado do motorista que, digamos assim, era meio corpulento e não daria pra ficar muito bem acomodada. Falei que preferia ir em pé no ônibus (coisa normal no 996, às 19 horas) do que ir na van. Grande erro o meu. Quando chegou o ônibus, não tinha mais lugar e Glaucia e eu sentamos num pequeno degrau que tem na frente dos bancos altos (só quem pega 996 conhece) antes de passar no trocador. Na altura de Laranjeiras, antes de entrar no túnel, entra um cara, meio estranho, negro, cheirando a bebida. Vira pra minha amiga Glaucia e diz:
Bebum: - 'Você é uma neguinha muito bonita. Mas devia usar trancinha comprida no cabelo. Ia ficar muito linda'.

Eu olhei pra Glaucia com aquela cara de 'puuutz' e continuamos a conversa.
Glaucia: - 'Viu? Era melhor ter pego a van com o motorista gatão'.
Bebum: - 'Eu? Eu sou um gatão?'

Aí foi o início do problema. Eu virei e falei com ele.
Polly: - 'Por favor. Eu estou conversando com a minha amiga, tá bom?'

O cara ficou puto... começou a me encher o saco, me chamando de branca azeda, dizendo que eu era feia, porque a 'nega dele era muito mais gostosa' do que eu e blá blá blá, sempre me ofendendo de branquela feiosa. Provavelmente, se eu tivesse feito algum comentário racista, eu seria até processada, mas ele se sentia no direito de me ofender.

Fui agüentando isso durante todo o trajeto da ponte, mas quando chegou em Niterói, eu não agü?entei. Pulei em cima do desgraçado com todo o meu ódio. Ele, covarde que era, saiu correndo e atravessou a roleta, enquanto as pessoas me seguravam e eu gritava e xingava ele de tudo quanto era nome, ofendendo bastante sua mãe e todas as futuras e passadas gerações de sua família. O cara ficou branco e ônibus inteiro desesperado. Eu ia quebrar a cara daquele homem. Eu estava com meu estojo de lata na mão e ia tascar na cara dele, mas ele saltou do ônibus.

Quando cheguei no meu ponto, todo mundo que estava lá na frente olhou pra minha cara. Eu nada paciente, gritei:

Polly: - 'Tão olhando o quê, porra?'

E todo mundo voltou a olhar pra frente.

Coisas curiosas: Minha amiga me ligou depois dizendo que viu o cara pegando ônibus no terminal logo depois da confusão. Isso só mostra que ele é um covarde, porque saltou 2 pontos antes quando viu que ia levar na cara.

Uma semana depois, encontro com a minha amiga no MSN...

Glaucia: - 'Você não sabe o que eu fiz... segui o conselho do bêbado e coloquei trancinha no cabelo. Tá lindo!'

Eu mereço... isso só acontece comigo!"

É por isso que eu digo: nunca se meta com bêbados (nem com niteroienses furiosos)...

Nenhum comentário: