sexta-feira, junho 04, 2004

CARNIVALE

Daí que vou fazer jus ao meu título de 'ladrão de posts' e colocar aqui um texto queo Matheus, da banda SP4, me enviou. Este texto pode ser encontrado no blog da banda, mas também vale a pena dar uma passada no site (no site você encontra o blog), pra conhecer um pouco do trabalho deles.

Vamos ao texto, que é longo, mas vale a pena, e que fez o Matheus pensar 'isso só acontece comigo':
BF

Pra quem não sabe o que BF quer dizer, lá vai: Barca Furada. Ou também "roubada", "programa de índio" e tantos outro nomes. Foi uma dessas que encaramos ontem... Segue um breve resumo:

O evento
Sabe aquele festival de Altinópolis, umas duas semanas atrás? Pois é, a Prefeitura de Serrana cedeu um busão pra irmos pra lá, junto com outra banda que concorreria no mesmo dia, pra podermos levar torcida, coisa e tal. Acontece que em troca (em política sempre tem troca...) deveríamos tocar nesse tal evento que aconteceu ontem. São vários eventos que estão ocorrendo durante o mês - que é de aniversário da cidade - e este era o último da "série". Detalhe importante: O evento seria em um ginásio de esportes. Sim, uma quadra coberta onde o eco impera sobre todas as forças e leis da física.

A BF
Estava marcado para tocarmos 16:00 hs. Disseram para, se possível, chegarmos antes pra já deixarmos tudo no jeito. Fomos pra lá 15:40, pra ver o que tinha de equipamento e o que precisaríamos levar. Como nosso local de ensaio é perto, ficava fácil ir buscar o que precisasse.
Chegando lá encontramos, sem muita supresa, a coisa um pouco pior do que esperávamos. O palco ainda não estava completamente montado (ia começar as 16!!). O som, médio tipo aqueles carros que vendem pamonha na rua, saca? "Olha a pamonha... pamonha de piracicaba...". Equipamento de palco?? Que isso? Nada além de uns microfones. Tivemos que levar tudo! Batera, amplis... quase tivemos (e teria sido bom) que levar retorno.

A hora de tocar
Ninguém até então sabia a ordem e horário previsto para as apresentações. Tudo o que alguém soube nos dizer é que haveriam alguns grupos de dança antes. Quando eu ouvi isso, já pensei: "Pronto... fudeu!". E realmente, o que veio à seguir foi uma sequência de coisas irritantes que tirariam o mais calmo dos mortais do sério:

Primeiro que tive que pegar uns CDs no carro e os guardinhas tinham fechado o portão dos fundos do ginásio, que foi por onde entramos. Fizeram a maior cara de * pra abrir, avisei que ia só pegar umas coisas no carro e já voltava, e assim que passei, "tum"! Fecharam a #$%*&@! do portão. Voltei, bati, bati, dei umas porradas no portão, e nada. Tive que dar a volta pra entrar pelo portão da frente. Puto de tal forma que se eu encontrasse esses guardinhas na minha frente ia falar tanta merda que acho que ia preso. O nível de "putice" já tava aumentando...

Era umas 16:30 e fomos começar a passar o som. Bem aos poucos, porque o apresentador ficava falando de tempos em tempos coisas como "já já vcs verão apresentações disso, e daquilo..." e todas aquelas embromações que todo mundo conhece. Isso porque ainda tivemos que esperar o pessoal da outra banda chegar com o resto do equipamento. Mas isso não foi nada... Com muito custo, conseguimos regular o som. O Porva (nosso técnico de som) deu um trato na batera que até ficou legal, visto que o som no lugar tava tosco. Eis que chega um cidadão (técnico do cara do som, que tbm tem uma banda) e fuça em tudo. Nível de "putice" aumentou mais um pouco...

De repente avisam: "Já vamos dar início às apresentações... vamos apresentar uns grupos de dança antes, coisa rápida, aí vcs já entram". Pela segunda vez pensei: "Pronto... fudeu!". Nisso era umas 17:00. Por volta de 18:20 disseram pra gente subir no palco porque estava terminando o grupo e a gente já ia entrar. Subimos, à postos... vem um doido quase gritando: "Segura aí, segura aí...". Esqueceram do grupo que ia fazer uma apresentação de Kung Fu e disseram pra gente esperar mais 5 minutinhos. Começamos a cogitar a possibilidade de ir embora ou pintar a cara e colocar uma bolinha vermelha no nariz... Tava marcado pras 16:00...

Como se isso não bastasse, pouco antes do término do grupo de Kung-Fu (umas 18:45, porque a gente tava apressando pra acabar logo) o técnico de som deles aumenta os retornos do palco absurdamente. A princípio pensei que ele estivesse testando os retornos pra gente começar... depois pensei que ele tava tendo um surto, devido ao volume absurdo (não dava pra ficar no palco). Foi quando ele, com cara de desesperado diz que as caixas de grave pararam de funcionar. Pensei comigo... "não... não é possível... é hoje...". Ir embora começava a tornar-se uma possibilidade muito forte...

Pra fechar com chave de ouro, quando finalmente subimos pra tocar (19:00), um dos pedais da minha pedaleira pára de funcionar. "Pedaleira" pra quem não conhece é aquele aparelho que fica no chão e que os guitarristas ficam pisando como se estivesse tendo um ataque epilético, e serve pra mudar o som da guitarra. E justamente o pedal que eu mais uso. Não sabia nem mais o que pensar...
só sei que em algum momento consegui pensar que aquilo não podia estar acontecendo. Era muita caca em um dia só. Detalhe que esqueci é que quando subi no palco e olhei minha pedaleira tinha uma gota de algo branco que, quando fui ver, parecia tinta. Sim, tinta. Dá pra crer? De onde veio? Só Deus sabe... Pra ajudar, o som da minha guitarra tava uma m&!%@. Pensei que pudesse ser
problema com o cabo, mas não tinha pique, vontade, ânimo, razão e nem forças pra querer ver se era isso mesmo. E de repente, do nada, aquele pedal que tinha parado de funcionar volta à vida. Até agora fico sem saber se foi mau contato ou zica mesmo. Ou, como dizíamos... "sai saci, sai...".

No final...
Acabamos de tocar com a vontade imensa de mandar todo mundo da organização pr'aquele lugar. Mas em respeito às pessoas que estavam lá vendo a gente e apesar do som podre estavam curtindo, achamos melhor nem falar nada. Pro povo da (des)organização, nem tchau.

Mas, como tudo tem dois lados, conseguimos tirar uma boa lição disso tudo: da próxima vez que formos pra um festival, vamos de carro!

Nenhum comentário: