sexta-feira, outubro 03, 2003

Esse semana, sei lá porque, todo mundo resolveu escrever sobre elevadores. Hoje, no almoço, conversávamos sobre histórias de elevador, sobre papinho meia-boca dentro do elevador, sobre conviver com pessoas dentro do elevador, sobre histórias picantes de elevador (até tenho algumas, mas não são para este blog). Tia Rena e Brida, inclusive, justificaram suas histórias de elevador ao se compararem com a Vani, no episódio de "Os Normais" de 26/09.

Meu relacionamento com elevadores desde sempre foi problemático. Tudo começou quando minha finada tia Nete se mudou para um prédio no centro de Cabo Frio, de frente para a escola onde eu estudava. Nesse mesmo prédio, moram meus avós paternos. Então, vivíamos indo na casa da minha tia ou dos meus avós, para visitas rápidas e/ou lanchinhos gostosos.

Certa vez, eu devia ter uns 8 ou 9 anos e meu irmão do meio, Felippe, uns 6 ou 7 anos. Nós fomos com meu pai ao apartamento dos meus avós e, na hora de irmos embora, o elevador deu defeito e parou entre a garagem e o térreo. Essa é a minha primeira lembrança aterrorizante de elevadores: preso num elevador com meu pai (que era Rei Momo de Cabo Frio) e meu irmão chorando muito. Eu acho que deve ter ficado mais branco que o Michael Jackson. Passamos alguns minutos lá dentro, apertando o alarme e esperando o resgate. eu estava petrificado porque o elevador devia estar muito pesado e todas aquelas histórias de pessoas que morrem no poço dos elevadores ou morrem asfixiadas em elevadores povoavam a minha mente. Enfim, o socorro chegou: abriu-se a porta do térreo e nós tínhamos uma fresta mínima para passar. Papai teve que fazer muito trabalho psicológico comigo e com Felippe para vencer nosso medo de cairmos no poço ou de sermos esmagados caso o elevador se movimentasse.

Depois disso, passei uns 3 anos só subindo de escada para o apartamento dos meus avós. Vencido o medo, voltei a usar o elevador. Daí, fomos ao apartamento da minha tia Nete e ficamos presos por meia hora: eu, minha mãe e meu irmão Daniel. Eu já devia ter uns 14 anos, Daniel tinha uns 8 anos. Mas o agravante da situação era que, além de presos, estávamos sem luz. Quando finalmente entraram em contato conosco, falaram que o conserto iria demorar... Aquelas fantasias de morrer asfixiado no elevador me voltavam à cabeça, mas minha mãe, que não é de se desesperar à toa, nos acalmou. Demos as mãos e começamos a rezar, até que o elevador foi consertado e saímos de lá ilesos. Jurei nunca mais andar naquele elevador-aborígene-comedor-de-gente.

Mas a saga estava só começando. Fiquei preso em muitos outros elevadores de outros prédios, de outras cidades... Mas os elevadores, assim como os telefones, têm mania de me perseguir.

Assim que me mudei pro meu recente apartamento, estava eu carregando duas caixas de arquivo, cheias de papéis, bem pesadas. Quando eu entrei no elevador e apertei o botão do 4º andar, o elevador não se movia. Abri e fechei a maldita porta várias vezes, apertei TODOS os botões, mexi em tudo e NADA do elevador se mover. Subi os 4 andares de escada, carregando as caixas, soltando fogo pelas ventas! Cinco minutos depois de eu ter entrado em casa, chega o Raffy no apartamento. Trava-se o seguinte diálogo:
Andreh: - E aí, como foi a sua subidinha de escada até aqui?
Raffy: - Não foi. Subi de elevador...
Andreh: - De elevador?? Mas tava parando ainda agora mesmo!!
Raffy: - Quando eu cheguei, o zelador tinha acabdo de mexer nele e eu subi de elevador...

Fiquei possesso! Mas nada me assustou mais quando fizeram umas obras no elevador e substituíram as harmoniosas paredes bege dele por novas paredes VERMELHO SANGUE! Entendi isso como um sinal, uma ameça velada... mas hoje já me acostumei e até acho o meu elevador fashion!

Mas o que mais em irrita é a falta de educação das pessoas nos elevadores! Soltar um pum é algo totalmente natural, mas, pelo-amor-de-Danuza-Leão, se segura e solta FORA do elevador. É muito triste ter que conviver com a fuafa de alguém no recinto minúsculo de elevação do ser...

Em termos de (falta de) educação, ninguém barra as pessoas que trabalham no meu prédio. A empresa ocupa um prédio de 14 andares em Botafogo. Tem 4 elevadores e cerca de 1500 usuários dos mesmos... mas as pessoas vão entrando no elevador e não se importam de verificar se há mais alguém entrando no prédio que vá utilizá-lo. Já aconteceu comigo de, por exemplo, eu chegar na empresa, passar pela catrca eletrônica e gritar a plenos pulmões "SEGURA ESSE ELEVADOOOOOOOOOOOR" e não me darem ouvidos. Já vi gente subindo sozinha num elevador em que cabem 15 pessoas... Por essas e outras, eu não uso mais o elevador no serviço, subo os 4 andares de escada e minhas pernas têm ficado cada dia mais gostosas.

Agora, nada se compara aos ttrogloditas do meu prédio. No post de semana passada falei da paraíba, que ficou conversando com o marido enquanto eu gentilmente segurava a porta do elevador. Além disso, as crianças (e o maluco do 401) brincam de apertar todos os botões do elevador. Fora que volta e meia você encontra de um tudo sujando o chão do elevador: papel de bala, canetas, pétalas de flores (essas fui eu quem deixou cair quando voltei do casamento da Dri e do PA - eu ia recolher no dia seguinte, mas o porteiro limpou tudo, então, abafa o caso), guimbas de cigarro, cigarros inteiros, restos de comida, oferenda de macumba, pedaços de unha etc... É quase Sodoma e Gomorra do lixão!

A última de elevador sucedeu-se ontem e me deixou embatucado. Entrei no prédio e a porta do elevador estava se fechando. Gritei para que segurassem o bruto do elevadro-das-paredes-vermelhas. Um senhor - que eu nunca nem vi no prédio - abriu a porta do elevador, saiu do dito cujo, ficou segurando a porta, me deixou entrar e fechou a porta SEM ENTRAR DE NOVO no elevador. Subi sozinho com cara de tacho! Será que eu voltei muito fedido da ginástica? Isso só acontece comigo...

UPDATE: foi só eu falar que o problema ocorreu... cheguei em casa hoje, cansado e arrasado do trabalho, ansiando por um relax e o que aconteceu? Sim, senhoras e senhores, o elevador-vermelho-vermelhaço-vermelhusco-vermelhante-vermelhão estava quebrado! Eita, nóis!

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