sexta-feira, agosto 06, 2004

FALA TU

Nos primórdios da humanidade, quando eu cursava o antigo 2º grau técnico em Campos, a minha turma era composta por figuras ímpares. Uma delas era a Cláudia. Essa menina tinha uma particularidade muito chata: ela interrompia as aulas a todo momento com perguntas muito estúpidas. Não eram uma, duas ou três perguntas, era uma série de questões. A cada novo tópico explicado pelo professor, lá estava Cláudia interrompendo pra perguntar algo... Por que é adjunto adnominal e não adjunto adverbial de lugar? Qual é o significado da condutância? Quantos LEDs eu preciso pra torrar uma usina elétrica? Com quantos paus se faz uma canoa? Por que o céu é azul? Qual a diferença entre o charme e o funk?

Francamente, era cansativo o falatório da Cláudia. Não que ela fosse má pessoa ou amostrada, mas ela perguntava até coisas que já estavam explicadas no quadro ou assuntos de um próximo tópico que o professor ainda iria explicar. Por conta disso, ela ganhou como apelido o nome de um 'dispositivo' que tem dentro de computadores - pouco conhecido pelos usuários normais, mas que rolou horrores em nossas bocas quando o descobrimos numa apostila - assim descrito: "INT 21 - A PODEROSA INTERRUPÇÃO".

E num dia quente de 1995, estávamos sentados tentando aprender alguma coisa na aula do prof. Dadau, quando de repente surgiu a idéia de contarmos quantas vezes Cláudia interrompia a longa aula de três tempos. A tarefa era tão monstruosa e cansativa que, de tempos em tempos, o responsável pela contagem era substituído.

O momento crucial chegou: NA CENTÉSIMA INTERRUPÇÃO, COMEÇAMOS A PULAR E COMEMORAR, sob os olhares atônitos da Cláudia, que era a única que não sabia da contagem. Até mesmo o professor sabia porque nós estávamos comemorando. A aula até continuou com seu rumo (ou falta dele) e a contagem se encerrou em 127 interrupções, o que, em 150 minutos de aula, dava uma média de quase 2 perguntas a cada 3 minutos de aula! Isso só acontece comigo!

Nenhum comentário: