sexta-feira, agosto 20, 2004

THE ROOF IS ON FIRE

Minha pobre amiga nos conta hoje o seu suplício para abrir uma conta no Banco do Brasil:

"Tudo comecou em março de 2002, quando vim morar no Rio. Como morava com meus pais e por trabalhar para a minha madrinha, meus salários sempre eram dados em mãos, nunca me preocupei em ter ou não uma conta no banco. Logo no começo, como não tinha um modo de minha mãe mandar dinheiro pra mim, tentei abrir, mas confesso que sempre adiava por algum ou outro motivo idiota, entre eles a famosa preguiça.

Vocês devem estar se perguntando como eu sobrevivia sem conta no banco pra receber minha mesada??? Simples: eu usava as contas dos meus amigos; mais parasita, impossível, rs. O meu mais novo personal banking era o meu grande amigo
Andreh
.

Um dia, ele, muito p. da vida, disse que eu era uma preguiçosa e que eu tinha que abrir uma conta pra mim de qualquer jeito, que ele já estava de saco cheio dessa história. Eu me recolhi à minha insignificância e fui tentar abrir a maldita conta.

Na primeira vez, eu descobri que precisava de um comprovante de residência, sendo que eu não tenho nenhuma conta de casa no meu nome e não moro com meus pais no Rio. Pedi pro outro amigo qua mora comigo para reconhecer firma e fazer uma declaração dizendo que eu morava com ele: assim, era só eu levar uma conta de telefone. Falei com ele, ele disse que tudo bem, já que ele tinha firma aberta. Um mês depois do meu pedido, o papel de declaração continuava em cima da mesa, do mesmo jeito em que eu havia deixado: sem assinatura nem muito menos firma reconhecida. Como meu o
Deh
já estava mais calmo, deixei pra lá... Continuei abusando do meu personal banking.

Nesse período, arrumei um estágio e, óbvio, não poderia mandar meu chefe depositar
meu salário na conta do
Andreh. Então, me dirigi até o banco com o propósito firme de abrir minha conta... e dessa vez nada ia me impedir! Para minha sorte, não precisava mais reconhecer firma, somente levar a declaração assinada com a identidade. Depois de muito pedir, consegui a identidade do Raffy
, fui ao banco com todos os documentos do mundo; não tinha como não funcionar dessa vez!

Quando estava tudo indo muito bem, eis que o rapaz vira pra mim e fala: 'olha, seu CPF está inválido, porque você não se declarou isenta no IR, você vai ter que pagar
uma taxa de R$4,50 e esperar até sexta-feira, ok?'... eu, passada e morta de ódio da Receita Federal, concordei. Na sexta, quando me dirigia ao banco, lembrei que tinha esquecido meus documentos. Agora, morri de ódio de mim mesma.

Eu sei que vocês devem estar pensando 'que tipo de pessoa anda sem documento?'... O tipo que nem eu! Dei meia volta, já praguejando a cabeça de vento que minha mãe me deu e a engenharia piorou. Voltei nessa última segunda-feira, agora com a certeza que nada podia me impedir! Sentei e esperei umas poucas pessoas que estavam na minha frente quando o cara fala: 'o sistema caiu e não tem previsão de volta'. Fiquei azul, verde, vermelha, o arco-íris inteiro de ódio no meu coração, mas não me dei por vencida. Esperei o sistema voltar e, pra minha sorte, não demorou muito.

Finalmente, a minha vez chegou! Nem acreditava que uma saga que começou há mais de 2 anos iria acabar! Tudo indo muito bem, já estava até achando estranho, faltava somente a mulher pedir minha senha e eu assinar os papéis, quando de repente entra um homem de vermelho no banco, gritando: 'evacua, evacua, tá pegando fogo!!!'... Eu, sem querer acreditar no que estava acontecendo, continuei imóvel. A gerente vira pra
atendente e fala: 'finaliza o procedimento, que o prédio tá pegando fogo'. A atendente, toda sem graça, disse que era pra eu voltar depois, que faltava pouca coisa.

Saí da agência pasma, caminhando sem acreditar naquela situação surreal, enquanto todos corriam em minha volta. Nisso, tinha uma amiga comigo e falou 'fica assim não,
... já tava quase abrindo'. Eu só não dei uma resposta mal-criada porque ainda não tinha me recuperado do susto - não do incêndio, mas do meu azar! Minutos depois, fui descobeir que o SEXTO andar do bloco A na UFRJ tinha pego fogo, por causa de um curto-circuito numa geladeira velha estúpida cheia de solventes dentro. A agência era no térreo e o incêndio foi no SEXTO andar... Alguém pode acreditar nisso? Nem se fosse o melhor solvente do mundo (não entendo de química, mas peraí, né?)... Agora, por causa de ''explosão de agentes perigosos', só abrirei minha conta na próxima segunda, que é quando o prédio vai estar liberado... Isso se não acontecer outras coisas impossíveis, como o fundão ser invadido por elefantes indianos, ETs invadirem a terra, a Maré invadir de vez a UFRJ (se bem que isso não é impossível) ou, sei lá, o prédio ser uma construção do Sérgio Naya e desabar.

Só tenho duas coisas a dizer: 1- a culpa é do governo, por sua burocracia estúpida e por deixar uma universidade federal sucateada, com geladeiras velhas pondo em risco a vida de vários estudantes e pessoas que querem abrir conta em banco e 2- isso só acontece comigo (e com o
Andreh)".

Só quero ver que surpresas essa 'odisséia' ainda nos reservará...

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