sexta-feira, setembro 17, 2004

UM DIA DE FÚRIA

A Liesl é uma das poucas pessoas que eu conheço que é tão 'desafortunada' quanto eu no que diz respeito a essas circunstâncias da vida que nos fazem tropeçar, cair, derrubar coisas, enfrentar tormentas, tomar banho de lama, ser cagado por pombos, entre outras coisas tão agradáveis. Essa história que ela nos conta foi do início de agosto, intitulada uma "Quarta feira infernal (post em especial para o Andreh - aguentem que é interminável)":

- Tudo estava bem de manhã cedo. Deixamos o Minduim na creche e fomos pra estação de metrô (adiantados). No rádio, o locutor comentava como o dia era bonito e como não teríamos chuva...

- Chegando lá, ouvimos no auto-falante que os trens estão com atraso de pelo menos 15 minutos. O adiantamento foi pro saco, mas ao menos não chegamos atrasados após a viagem sardinha-em-lata.

- Dia de fechamento na contabilidade. Só consegui comer porque nesse dia eles pedem almoço pra todos aqui. Comia com a mâo direita e digitava com a esquerda. Trabalhei direto de 8:30 até as 17 horas sem parar, exceto para ir ao banheiro. Não tive hora de almoço, ganhei uma hora extra ao menos. Minha chefe está viajando e a minha colega que está substituindo até perguntou se eu não queria ficar trabalhando até as 8 da noite com elas para ganhar mais. Se eu não tivesse filho até teria ficado...

- Voltamos para a estação de metrô. Os trens ainda estavam atrasados (aliás, eles têm atrasado durante as últimas 2 semanas, mas ontem o atraso era maior...). Chegou um trem lotado e entramos. Mas antes de fechar a porta entrou um sujeito que tinha corrido que nem louco pela escada rolante para pegar o trem. O sujeito pára, atrás de mim, encostado no vagão. Puxa um livro da mochila e começa a ler. Começa a ler EM HEBRAICO, EM VOZ ALTA. Provavelmente é uma daquelas pessoas que não conseguem ler pra si mesmas. Eu só saquei que era hebraico porque reparei que ele estava usando um solidéu (é esse mesmo o nome daquele "chapéuzinho"?). As pessoas se entreolhavam com uma raiva danada. Imagine, estavamos nesse ambiente catinguento, protótipo de baile funk e o sujeito ainda começa a ler em voz alta... Que martírio... Bem, faltando 3 estações para o final, o sujeito saltou... Aí entrou uma mulher sem noção com um carrinho de bebê e outra criança de mão dada. A mulher posicionou o carrinho de uma maneira tão incrível que bloqueava a passagem de todos.

- Oh well, fomos buscar o
Minduim. Fomos pra casa e logo quando Minduim dormiu, eu saí pra resolver umas coisas...

- Passei na 'Toys R Us' pra trocar um brinquedo que
Minduim ganhou repetido... Depois de esperar na fila atrás do sujeito que queria trocar o gameboy do filho pois o mesmo deixou cair e o treco quebrou (é mole, vai ser cara de pau assim...), quando saí da loja o céu estava da cor do meu carro: cinza chumbo. E comecei a sentir umas gostas de chuva (aquela que o locutor disse que não ia acontecer).

- Entrei no carro e comecei a dirigir. A chuva apertou ao ponto de virar um dilúvio. Quase não se via nada a um palmo de distância por causa da força das águas. Cheguei no estacionamento do 'Costco' e fiquei sentada no carro uns minutos... Daí resolvi sair do carro com o guarda-chuva gigantesco que a minha chefe me deu na Páscoa. Pois é, eu estava enxuta, o problema é que estacionamento começou a encher e eu tive que andar com as calças arregaçadas e água nas canelas. Cheguei no mercado com os tênis ensopados mas tinha que ir às compras. Mas não tinha carrinho!!! Esperei um casal que estava enchendo o carro com as compras terminar e o rapaz me deu o carrinho. Por acaso o mercado, que eu levo 20 minutos pra comprar e uma hora na fila, estava mais para vazio e consegui comprar tudo rapidinho. Daí, sai e passei no shopping pra trocar uma roupa que
Minduim tinha ganho e ficou pequena. Consegui trocar, mas tinha um casal na minha frente que demorou um século para comprar porque não se decidia...

- Fui pra casa e
Zeh fez minha janta (porque ninguem é de ferro). Mas depois da janta ele me pediu pra comprar xarope para tosse e lá vou eu pro mercadinho... Eu com um xarope pra pagar e as filas de 3 pessoas pareciam que não andavam. Fui pra casa, assistimos South Park e fui dormir... Sobrevivi ao dia!

Eu, francamente, não sei se sobreviveria à esse mar de loucuras... mas com certeza, como a Liesl, eu pensaria que isso só acontece comigo!

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