sexta-feira, novembro 25, 2005

CARA ESTRANHO



Eu sou mesmo um cara estranho...


A banda Los Hermanos anda me cercando. Amigos ganham CDs, amigos ganham DVDs, amigos me perturbam pra ir ao show deles (ou da Orquestra Imperial, só porque o Amarante vai estar lá), amigos me mandam mp3 com as novas (e meio depressivas) músicas. Eu admito que gosto e que queria ter mais coisas deles...

Daí, me lembrei de uma história muito tosca, que envolve uma música deles.

Certo dia, marquei com as amigas Ana Paula e Rena de sacudir os ossos na Brazooka - e olha que faz tempo a última vez que pisei na Casa da Matriz! Marcamos de chegar cedo pra curtirmos as músicas ao máximo. Por morar perto, acho que, pela primeira vez na vida, cheguei num lugar na hora combinada. Como as meninas não estavam lá na porta, esperei um pouco e, com medo delas já estarem lá dentro, decidi entrar.

O problema é que eu *detesto* entrar em bares ou boates sozinho. É sério! Fico me sentindo deslocado, me dá uma angústia e, se eu tenho que esperar alguém aparecer, o tempo parece passar mais devagar (tem horas que acho que o ponteiro do relógio até anda pra trás, pra me sacanear)... e foi justamente isso que aconteceu: as meninas não estavam lá dentro!

Uma pânica foi tomando conta do meu ser quando não as achei em canto nenhum! Pra piorar a minha situação, assim que eu pisei na pista de dança, COMEÇOU A TOCAR A MÚSICA 'CARA ESTRANHO'* E TODAS AS (SETE) PESSOAS DA PISTA OLHARAM DIRETAMENTE PRA MIM! Meu irmão, queimei de vergonha! Na mesma hora, encarando os olhares das pessoas, só pensei que isso só acontece comigo!

Acho que nunca uma primeira estrofe de música fez tanto sentido pra mim! Fiquei com tanta vergonha que minhas orelhas ferventes quase incendiaram o lugar... ainda bem que, na música seguinte, as meninas chegaram pra me salvar da minha solidão!

* Sintam o drama que foi ouvir a letra da música:

"Olha só / que cara estranho que chegou / Parece não achar lugar / no corpo em que Deus lhe encarnou / Tropeça a cada quarteirão / não mede a força que já tem / exibe à frente um coração / que não divide com ninguém / Tem tudo sempre às suas mãos / mas leva a cruz um pouco além / talhando feito um artesão / a imagem de um rapaz de bem.

Olha ali / quem tá pedindo aprovação / Não sabe nem pra onde ir / se alguém não aponta a direção / Periga nunca se encontrar / Será que ele vai perceber / que foge sempre do lugar / deixando o ódio se esconder / Talvez se nunca mais tentar / viver o cara da TV / que vence a briga sem suar / e ganha aplausos sem querer.

Faz parte desse jogo / dizer ao mundo todo / que so conhece o seu quinhão ruim / É simples desse jeito / quando se encolhe o peito / e finge não haver competição / É a solução de quem não quer / perder aquilo que já tem / e fecha a mão pro que há de vir".

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