sexta-feira, agosto 11, 2006

ENTIDADE URBANA





E como se não bastasse estar ruim da garganta, tomar toco de sapatrava e ser chamado de "russo" por um catador de latinhas, o meu ímã de maluco resolveu funcionar com tudo nesse início de agosto!

Tudo corria bem no último domingo. Eu tava em casa num semi-marasmo, fazendo umas arrumações que me esperavam há séculos quando o telefone toca e Gretchen Mychelle me chama pra bater papinho. E lá fui eu pro Bofetada - um dos points mais gays de Ipanema - pra 'jantar' e conversar com uma galera. Presentes na mesa: Gretchen, Markito, Tímido, Leonino e SafaDinha (os nomes reais foram mantidos em sigilo, pra não comprometer ninguém; os apelidinhos foram fornecidos por Mishelly Aparecida, que nos largou pra se encontrar com outro homem).

Noite agradável, notei um certo interesse rolando no ar e fiz a linha match-maker: primeiro conversei com Tímido, depois com Leonino e, por fim, com ambos, até a situação se desenrolar positivamente. Vai dar namoro, aposto! Ah, se minha vida fosse fácil de resolver assim.

Lá pras 2h da matina, depois de sermos enxotados do Bofetada e do bar 'A Casa da Lua', rumamos a pé pro Eclipse, em Copacabana. Eu já estava no topo da sonolência, mas quem deixou eu ir embora? A alegria daquela mesa era eu: juntei um casal enquanto entretia as outras pessoas! Match-maker e palhaço de circo! :P

Quando finalmente me liberaram pra ir embora, fiquei encalhado no ponto de ônibus com Gretchen e Markito, esperando o cruzador imperial 434 passar. E aí é que começou o suplício: cansado, com sono, garganta ardendo, implorando por descanso, SOU OBRIGADO A ENCARAR UMA ENTIDADE URBANA.

Era uma senhorinha negra, baixinha, de cabelos espetados e quase sem dentes, provavelmente moradora de rua, (mal-)vestida com roupas dessas que ciganas de rua costumam usar. Ela usava um vestidinho vagabundo de pano ordinário, amarelo-ovo, com mangas bufantes e, pra arrematar, tinha uma CAPA DOURADA, DE TECIDO TRANÇADO, bem parecido com pano de saco... e as unhas estavam pintadas de amarelo-ovo, só pra combinar com o resto do visual! O erro!

A mulher, além de fedorentinha, estava comendo uma galinha ao molho pardo muito da xexelenta, dentro de um copo plástico, que estava me revirando o estômago (tanto o cheiro quanto a aparência)! E, é claro, foi só ela bater o olho em mim - IMÃ DE MALUCO!!! - que já veio logo em minha direção, toda alegre, faceira e risonha (porém sem dentes), me oferecendo sua comida e falando coisas tão incompreensíveis que achei que era outro idioma!

Vocês têm noção do que é passar mais de meia hora fugindo de uma maluca assim num ponto de ônibus, na madruga boladona? Isso só acontece comigo!

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