sexta-feira, junho 10, 2005

ALEGRE - dia 05: Amargo regresso

Eu mal havia dormido. Na verdade, apenas cochilei um pouco. Deitei às 7h, Ralph me acordou às 9h em ponto! Eu tava um bagaço de gente. E tinha apenas meia hora pra me arrumar, terminar de guardar minhas coisas, tomar o café-da-manhã-chulézinho do "hotel" e ir pra rodoviária. Essa era a parte mais fácil, afinal pra chegar do "hotel" na rodoviária, bastava atravessar a rua!

Exatamente às 9h30 da manhã de domingo, eu estava embarcando no ônibus, já com uma ponta de saudade de ter que deixar pra trás aqueles momentos tão divertidos e singulares que vivi em Alegre!

Não consegui dormir direito na viagem de volta - que tão tortuosa quando a de ida! Com um sorriso meio idiota no rosto, eu voltava com aquela nostalgiazinha e um enorme gosto de "quero-mais"! A todo momento, relembrava das palhaçadas que eu, Ralph e Júnior fazíamos e falávamos, das fotos divertidas que nós tiramos, das coisas que a gente viveu, das pessoas que eu conheci, das pessoas com quem a gente riu, das outras pessoas de quem a gente riu.

Lembrei que encontrei a famosa Didhy Müshelie na porta do ônibus-boate, sondando a bicha velha que, sendo 'hostess', se sentia a rainha da diversão, selecionando quem entrava ou não no ônibus. Eu e os meninos nos unimos a ela e à uma bicha albina sem camisa (e olha que tava frio, hein) pra falar mal da 'hostess' e rir da cara alheia.

Lembrei da minha cara de espanto quando adentramos no "hotel" e me deparei com um quarto microscópico e cheio de teias de aranha. Além disso, minha bolsa de viagem ficou toda molhada no compartimento de cargas do ônibus e eu não tinha uma roupa seca pra usar no meu primeiro dia! Isso só acontece comigo!

Lembrei das inúmeras comunidades do orkut que planejamos criar, em homenagem às pessoas esdrúxulas com quem cruzámos o caminho... em especial, das meninas metidinhas que usavam na cabeça nada mais nada menos que um absurdo BONÉ DE PAETÊS! Vi boné tomado por paetês pretos, outro por paetês brancos, outro por paetês cor-de-rosa, cada um pior que o outro. Lembro que, no sábado, à tarde, disfarçadamente, segui uma maluca até conseguir, sorrateiramente, tirar uma foto do boné dela (e ainda tive que aturar um bêbada - única testemunha do meu crime - reclamando que eu tava invadindo a privacidade da moça, que ela nem conhecia)!


Boné de paetês - LUXO!


Lembrei dos inúmeros foras que nós tomamos e dos inúmeros "pedala, Robinho" que nós falamos pras esnobes ou que ouvimos os caras falando pra outras garotas (e vice-versa). Lembro mais especificamente de uma monstrenga bêbada que se meteu no meio de uma roda de amigos e ficava implorando pra algum deles beijá-la. Decadência, não? Pior foi quando nós a encontramos no final da noite, desorientada! Ainda levou um peteleco do Júnior ao som da frase que ela mais ouviu naquela noite: "pedala, Robinho"!

Lembrei das travestis que realmente pareciam mulheres, das pessoas fusadas no Vibezone da Coca-Cola, das gentes com roupas de napa e cintos com escudos gigantes nos shows, da Carol - amiga do Júnior - andando pra cima e pra baixo com um catálogo de frases/slogans/bordões que ela mostrava pros insistentes rapazes que a desejavam ("te conheço?", "sai daquiiiiiiiii", "nota 10", "passo mal", "sem chance" e o clássico "pedala, Robinho", entre outras), nas toucas que nós achamos no parque de exposições, do pastel com caldo-de-cana no final das noitadas, das tardes nos acotovelando na Praça da Bandeira pra conseguir brindes diversos (squeezes, chocolates, pastilhas, bonés, bandanas, refrigerantes e canudos psicodélicos, dadinhos de "sacanagem", entre outros)...

Lembro vividamente de quando vimos pela primeira vez o clone do Valderrama... Era fato, o cara tinha o cabelo assim:


ISSO é o Valderrama, gentes!


O pior é que tinha vááááárias pessoas com esses cabelos cogumeliformes! Renderia facilmente uma comunidade no orkut: "Eu detesto esses cabelos de Valderrama"!

O fato mais marcante aconteceu no sábado, após o show pirotécnico que estava programado e era aguardadíssimo pelos pobres que nunca foram à Copacabana. Enquanto os fogos estouravam, nós nos abraçávamos e desejávamos "feliz ano novo" uns aos outros. Até musiquinha de ano novo nós cantamos! Era igualmente impagável as caras de espanto, admiração e até medo das pessoas! Mas houve algum problema no lançamento de alguns fogos, houve um rápido incêndio, teve gente que se machucou. Eu juro que me senti num episódio de "Third Watch" ou de "E.R.": policiais correndo, abrindo caminho pra passar uma ambulância histérica, confusão, choro e ranger de dentes. A sorte foi que logo em seguida começou a chover!

Vocês entendem o porquê de eu não conseguir dormir? Eram muitas lembranças me perseguindo (e um fedor desgraçado em Nova Iguaçu), todas encadeadas num ritmo frenético! Não dava pra dormir, eu tinha que saborear aquilo!

Cheguei no Rio me sentindo um trapo de gente, mas feliz! Ainda passei dias com meus horários todos descompensados, tentando acertar de novo meu "relógio biológico"!

Mas em 2006 eu volto pra lá!

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